Violências na escola: um estudo de caso com base em uma vivência autoetnográfica
Violences at school: a case study based on an autoethnographic experience
Palavras-chave:
Racismo, Violência na Escola, AutoetnografiaResumo
O racismo na escola é um dos principais dificultadores de uma adequada socialização no ambiente educacional, gerando dor, exclusão e variados problemas decorrentes das diversas formas de expressão desta violência em específico. Por meio do método autoetnográfico, via estudo de caso em uma escola, a presente pesquisa visa compreender uma situação concreta ocorrida com Mara (nome fictício), no ano de 2023, em uma escola da cidade de Manaus-AM, por meio de três situações-chave. Os resultados apontam para alguns dos sofrimentos gestados pelo racismo: isolamento, sentimento de não pertencimento à turma, vulnerabilização, silenciamento e cumplicidade ideológica da escola, da família e da sociedade mediante ausência de atitudes efetivas de combate à violência perpetrada por crianças que foram socializadas nos privilégios de uma branquitude com acentuado poder aquisitivo. Como conclusão, grita-se pela necessidade de um maior investimento das escolas na formação docente e do envolvimento das famílias cujos filhos/as produzem/produziram a violência, tendo em vista a dimensão estrutural do racismo que afeta, por consequência, a própria escola.
Palavras-chave: Racismo; Violência na escola; Autoetnografia.
Abstract
Racism in schools is one of the main obstacles to adequate socialization in the educational environment, generating pain, exclusion and various problems arising from the different forms of expression of this specific violence. Using the autoethnographic method, via a case study in a school, this research aims to understand a specific situation that occurred with Mara (fictitious name), in 2023, in a school in the city of Manaus-AM, through three key situations. The results point to some of the suffering generated by racism: isolation, feeling of not belonging to the class, vulnerability, silencing and ideological complicity of the school, family and society due to the lack of effective attitudes to combat violence perpetrated by children who were socialized in the privileges of a whiteness with marked purchasing power. In conclusion, there is a need for greater investment by the school in teacher training and the involvement of families whose children produce/produced violence, given the structural dimension of racism that consequently affects the school itself.
Keywords: Racism; Violence at school; Autoethnography.
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