A TRAJETÓRIA HISTÓRICO-CONCEITUAL DO AUTISMO NA PSICANÁLISE

Autores

DOI:

10.69675/RCU.2763-7646.9544

Palavras-chave:

História, Autismo, DSM, Psicanálise, Estrutura

Resumo

Conjuntamente às mudanças da compreensão do autismo nas classificações diagnósticas, modificou-se também o seu lugar no mundo e sua incidência. Num primeiro momento, este foi considerado um sintoma, posteriormente um diagnóstico independente, até tornar-se uma espécie de epidemia diagnóstica. A psicanálise que, ainda nos anos 30, foi precursora na teorização, tratamento e publicação de caso clínico sobre o autismo, se distanciou do tema, retornando a ele com profundidade somente algumas décadas depois. A psiquiatria por sua vez, a cada nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), foi modificando a compreensão acerca do autismo, trazendo características gradativamente mais biológicas e comportamentais e menos subjetivas, ampliando os seus critérios diagnósticos até defini-lo atualmente como um Transtorno do Espectro Autista (TEA), ocasionando uma crescente de diagnósticos por todo o mundo. A psicanálise,  que  desde a última década vem contribuindo ativamente na investigação sobre o autismo, tem como uma de suas concepções mais atuais o modelo teórico de Jean-Claude Maleval, que localiza o autismo como um modo de estruturação psíquica do sujeito. Desta maneira, o olhar cauteloso sobre um possível excesso de diagnósticos de autismo no Brasil e no mundo foi o motor inicial desta pesquisa, que através de uma revisão da literatura, buscou percorrer a trajetória histórica deste diagnóstico, com o objetivo de compreender os impactos provocados pela lacuna de tempo em que a psicanálise, apesar de pioneira nas descobertas sobre o autismo, fez-se ausente à questão, bem como saber de que maneira ela pensa o autismo hoje.

Biografia do Autor

Renata Wirthmann Gonçalves Ferreira, Universidade Federal de Catalão - UFCAT

Doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Docente do curso de Psicologia da Universidade Federal de Catalão (UFCAT).

Laurisse de Carvalho Freitas Silva, Universidade Federal de Catalão - UFCAT

Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Catalão (UFCAT). Membro externo do projeto de Pesquisa e Extensão Saúde Mental da Criança e do Adolescente (UFCAT). Pós-graduanda na especialização de Psicopatologia pelo IPOG.

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17/12/2024
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Como Citar

WIRTHMANN GONÇALVES FERREIRA, R.; DE CARVALHO FREITAS SILVA, L. A TRAJETÓRIA HISTÓRICO-CONCEITUAL DO AUTISMO NA PSICANÁLISE. Revista Comunicação Universitária, Belém, v. 4, p. 1–22, 2024. DOI: 10.69675/RCU.2763-7646.9544. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/comun/article/view/9544. Acesso em: 30 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático: Transtorno do Espectro Autista (TEA)