Rankings internacionais acadêmicos, oligopólio editorial científico e produção de conhecimento-mercadoria aplicado no Brasil

International academic rankings, the scientific publishing oligopoly and the production of applied commodity knowledge in Brazil

Autores

Palavras-chave:

Competitividade na ciência, Educação superior, Mercantilização do conhecimento

Resumo

O artigo analisa as inter-relações entre os rankings acadêmicos internacionais, o oligopólio das editoras científicas e a produção de conhecimento nas universidades brasileiras. A pesquisa destaca como a predominância de grandes editoras influencia as agendas de pesquisa, promovendo uma mercantilização do saber que subordina a ciência a critérios de mercado. A busca por excelência e visibilidade internacional, impulsionada por métricas de impacto, resulta em uma produção científica que prioriza a quantidade em detrimento da profundidade analítica. Essa dinâmica compromete a autonomia das instituições e aliena os pesquisadores de seu papel transformador, gerando um ambiente acadêmico competitivo e individualista que dificulta a colaboração e a inovação. O estudo conclui que a ciência, ao se tornar mercadoria, enfrenta desafios significativos para atender às demandas sociais e globais.

Palavras-chave: Competitividade na ciência; Educação superior; Mercantilização do conhecimento.

 

Abstract

The article analyzes the interrelationships between international academic rankings, the oligopoly of scientific publishers and the production of knowledge in Brazilian universities. The research highlights how the predominance of large publishing houses influences research agendas, promoting a commodification of knowledge that subordinates science to market criteria. The quest for excellence and international visibility, driven by impact metrics, results in scientific production that prioritizes quantity over analytical depth. These dynamic compromises the autonomy of institutions and alienates researchers from their transformative role, generating a competitive and individualistic academic environment that hinders collaboration and innovation. The study concludes that science, in becoming a commodity, faces significant challenges in meeting social and global demands.

Keywords: Commodification of knowledge; Competitiveness in science; Higher education.

 

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Everton Henrique Eleutério Fargoni, UFSCar

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre em Educação e pedagogo pela UFSCar. Professor e Pesquisador do grupo em economia política da educação e formação humana (GEPEFH/UFSCar). Pesquisador do eixo de pesquisa "Produção de conhecimento" da Rede Universitas/BR.

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7536-9126  E-mail: evertonfargoni@gmail.com

João dos Reis Silva Júnior, UFSCar

Livre Docente (USP). Professor Titular do Departamento de Educação (UFSCar). Pós-doutor em Economia (USP e University of London). Doutor em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre em Administração (PUC-SP). Professor visitante da Arizona State University (EUA). Pesquisador do CNPq.

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2667-0371  E-mail: jr@ufscar.br

Afrânio Mendes Catani, USP

Livre Docente em Educação e Professor Titular da Faculdade de Educação da USP. Mestre e Doutor em Sociologia (USP), graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Pós-Doutorado na Middlesex University London. Professor visitante na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), campus de Duque de Caxias. Pesquisador do CNPq. 

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0656-3931  E-mail: amcatani@usp.br

Referências

ALTBACH. P; SALMI, J. El camino hacia la excelencia académica: la constitución de Universidades de Investigación de Rango Mundial. Tradução para o espanhol: Ediciones Gondo e Banco Mundial. Washington, EUA: Banco Mundial, 2011.

ASPESI, C. SPARC landscape analysis: the changing academic publishing industry: implications for academic institutions. Washington: SPARC, 2019.

BANCO MUNDIAL. O desafio de estabelecer universidades de classe mundial. Washington, D.C.: World Bank, 2009.

BANCO MUNDIAL. O caminho para a excelência acadêmica: a criação de universidades de pesquisa de classe mundial. Washington, D.C.: World Bank, 2011.

BIANCHETTI, L.; SGUISSARDI, V. Da universidade à commoditycidade: ou de como e quando, se a educação/formação é sacrificada no altar do mercado, o futuro da universidade se situaria em algum lugar do passado. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2017.

BRASIL. Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 dez. 2004. Disponível em: https://www.planalto.

gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm Acesso em: 16 jul. 2024.

BRASIL. Lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016. Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 jan. 2016. Disponível em: https://www.planalto.gov

.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm Acesso em: 15 jul. 2024.

CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

ELLERS, J.; CROWTHER, T.; HARVEY, J. Gold Open Access publishing in mega-journals: developing countries pay the price of western premium academic output. Journal of Scholarly Publishing, v. 49, n. 1, p. 89-102, 2017.

FARGONI, H. E.; SILVA JÚNIOR, J. R.; CATANI, A. M. A ciência no contexto neoliberal brasileiro. Revista Eletrônica Pesquiseduca, v. 14, n. 36, p. 1006–1028, 2023.

FARGONI, E. H. E.; SILVA JÚNIOR, J. R.; CATANI, A. M. Capitalismo acadêmico e a competição alienante entre professores-pesquisadores nos rankings de educação superior. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 49, n. 2, 2024.

GAULEJAC, J. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação

social. Aparecida: Idéias & Letras. 2007.

GUÉDON, J. El acceso abierto y la división entre ciência “principal” y “periférica”. Crítica y Emancipación, v. 3, n. 6, p. 135-180, 2011.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 15. ed. Rio de Janeiro: Edições Loyola, 2006.

HARVEY, L. Editorial. Rankings of higher education institutions: a critical review. Quality in Higher Education, Abingdon, v. 14, n. 3, p. 187-207, nov. 2008.

HAZELKORN, E. Os rankings e a batalha por excelência de classe mundial: estratégias

institucionais e escolhas de políticas. Revista Ensino Superior Unicamp, Campinas, n. 1, p.

-64, 2010.

HAZELKORN, E. World-Class Universities or World Class Systems?: Rankings and Higher Education Policy Choices. In: HAZELKORN, E.; WELLS, P.; MAROPE, M. (Eds.). Rankings and Accountability in Higher Education: Uses and Misuses. Paris: UNESCO, 2013.

KNIGHT, J. Transnational education remodeled: towards a common TNE framework and definitions. Journal of Studies in International Education, v. 20, n. 1. p. 34-47, 2016.

LARIVIÉRE, V.; HAUSTEIN, S.; MONGEO, P. The oligopoly of academic publishers in the digital era. Plos One, v. 10, n. 6, 2015.

MACHADO, N. J. Conhecimento: entre a Mercadoria e a Dádiva. Projeto Reflexões,

Rio Grande do Sul. 2007.

MARGINSON, S. Global university ranking and performance improvement: what kind

of international academic relations are created by rankings? IREG - CONFERENCE, 8.:

, Lisboa.

MARGINSON, S. Do rankings drive better performance? International Higher Education, n. 89, Spring 2017.

MARX, K. O Capital - Livro I – crítica da economia política: O processo de produção do capital. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, K. O Capital – Livro III – O Processo Global da Produção Capitalista. Tradução: Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2017.

MÉSZÁROS, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo, 2002.

MÉSZÁROS, I. Estrutura social e formas de consciência. A determinação social do

método. São Paulo: Boitempo. 2009.

OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista, o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.

OLIVEIRA, M. B. Ciência: força produtiva ou mercadoria? Crítica Marxista, São Paulo, n. 21, p. 77-96. 2005.

PAULANI, L. Brasil delivery. São Paulo: Boitempo, 2008.

SGUISSARDI, V.; SILVA JÚNIOR, J. R. Trabalho intensificado nas fede-rais: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009.

SILVA JÚNIOR, J. R. The new brazilian university: a busca por resultados comercializáveis: para quem? – 1.ed. – Bauru: Canal 6, 2017.

SILVA JÚNIOR, J. R. Rankings, trabalho do pesquisador e capital financeiro. Educação & Sociedade, v. 44, 2023.

Downloads

Publicado

21/10/2024
Métricas
  • Visualizações do Artigo 19
  • pdf downloads: 15

Como Citar

FARGONI, E. H. E.; SILVA JÚNIOR, J. dos R.; CATANI, A. M. Rankings internacionais acadêmicos, oligopólio editorial científico e produção de conhecimento-mercadoria aplicado no Brasil: International academic rankings, the scientific publishing oligopoly and the production of applied commodity knowledge in Brazil. Revista Cocar, [S. l.], n. 29, 2024. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/9217. Acesso em: 25 out. 2024.