Não é possível ter um dia de paz? Currículos, conversas e relatos de um professor preto na educação pública carioca
Isn’t it possible to have a day of peace? Curricula, conversations and stories from a black teacher in Rio's public education system
Palavras-chave:
Currículo, Cotidiano, Professor pretoResumo
Este artigo comunica resultados de pesquisa e pretende apontar possibilidades de abordagens e entendimentos sobre currículos, ressaltando a importância do que é criado coletivamente nos cotidianos nas escolas e, assim, desordenar o que está posto como normativa curricular dominante. Relatando “o que acontece” nos cotidianos vividos por um professor/diretor preto, defende que é impossível estabelecer padronização de escolas e homogeneização de conhecimentos já que as pessoas que transitam pelos espaços escolares são diferentes entre si e existem, mesmo nos currículos racistas mortais. Aponta que a heterogeneidade também se expressa no recorte racializado dos estudantes e profissionais da educação, e nas múltiplas formas que o racismo se manifesta nos currículos escolares.
Palavras-chave: Currículo; Cotidiano; Professor preto.
Abstract
This article brings research results and aims to point out possible approaches and understandings about curricula, highlighting the importance of what is created collectively in everyday school life and thus disrupting what is established as the dominant curricular norm. Reporting “what happens” in the daily life of a black teacher, it argues that it is impossible to establish standardization of schools and homogenization of knowledge since the people who pass through school spaces are different from each other, even in deadly racist curricula. It points out that heterogeneity is also expressed in the racialized profile of students and education professionals, and in the multiple ways in which racism manifests itself in school curricula.
Keywords: Curriculum; Everyday life; Black teacher.
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