Editorial: Dossiê Educação e Diversidade: diálogos interdisciplinares
Palavras-chave:
educação, diversidadeResumo
Nada é mais poderoso do que a educação e o ato de educar. É por meio dos processos educativos que nos tornamos quem somos e exercitamos nossa subjetividade e individualidade nos diferentes contextos que constituem a vida em sociedade. E é por meio dos processos educativos que experimentamos ao longo de nossa vida que construímos nossos sistemas de crenças e alimentamos os (pré) conceitos que orientam nossas ações cotidianas. Neste panorama, conforme as palavras de Paulo Freire, o ato de educar nunca é imparcial ou neutro. Sempre há uma intencionalidade presente, explícita ou implícita, em relação aos seus efeitos sobre o comportamento humano. Portanto, o ato de educar é intencional, objetivo, socialmente construído e orientado por uma base ideológica que, segundo Freire, nos cabe questionar: ela é excludente ou inclusiva?
Portanto, pensar a educação e o ato de educar exige que nos debrucemos sobre a maneira como a diversidade humana e suas especificidades têm sido atendidas – ou não – pelos processos educativos assumidos por nossas instituições, e também a promoção de debates incisivos sobre as intencionalidades presentes nas ações e atuações dos sujeitos envolvidos: estamos atuando de forma excludente ou inclusiva?
Mesmo diante de um aparato legal e de uma legislação bem constituída que têm sido desenvolvidos desde a redemocratização do Brasil, a exclusão se dá muitas vezes nas entrelinhas das relações humanas, em situações e condições que somente os processos educativos transformadores são capazes de alcançar e sanar: está no docente que deixa seu aluno deficiente ser o último a ser atendido para o esclarecimento de dúvidas, nos risos e “piadas” sobre cortes e tipos de cabelo, em vocabulários cujas raízes refletem preconceito étnico-racial, no uso de fantasias em festas, na impaciência com o outro em situações de coletividade tal como o uso de transporte público, entre outros.
Dessa forma, reiteramos o importante papel da educação e dos processos educativos na construção de uma sociedade mais justa e equitativa – o que já é de conhecimento de todos – e a importância de não se perder de vista a vigilância e a militância necessárias para que a abordagem ideológica presente seja sempre inclusiva.
Isto posto, é com grande prazer que apresentamos o dossiê organizado para o primeiro número da Revista Povos, Diversidade e Educação, intitulado Educação e Diversidade: diálogos interdisciplinares. Diante da beleza da diversidade humana, a interdisciplinaridade é fundamental para que possa tentar alcançar um vislumbre das discussões necessárias para compreendermos a maneira como a humanidade se estabeleceu neste planeta, a forma como as diferentes culturas se construíram, como promover uma convivência saudável entre diferentes pontos de vista, e provocar reflexões sobre práticas e costumes dos diferentes povos.
Esperamos que este dossiê colabore com as reflexões atuais e futuras sobre a importância da educação para a eliminação das barreiras sociais e culturais existentes entre os sujeitos, contribuindo com estudos futuros e promovendo as bases necessárias para uma cultura de paz, convivência e desenvolvimento humano.
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