LITERATURA NA AMAZÔNIA, OU LITERATURA AMAZÔNICA?

Autores

  • Márcio Souza no@email.com

Palavras-chave:

Literatura, Amazônia, Escritor, Leitor

Resumo

Uma literatura amazônica parece ser algo tão improvável quanto uma literatura regionalista. Ambos os conceitos são invenções recentes. Trata-se de um rótulo tão pouco cultural e histórico que os sulistas acabaram por entender que regionalismo é tudo o que é produzido da Bahia para cima. O que precisamos é fugir do risco de nos deixarmos capturar em guetos, onde os parâmetros de recepção de nossas obras não são de excelência literária mas fruto da condescendência porque somos pobres e moramos longe. Não sei quem inventou a expressão literatura amazônica, mas ela tem inegavelmente uma conotação restritiva, uma roupagem ideológica que mais parece uma desculpa por antecipação. A Amazônia tem experiências humanas extraordinárias, que vêm de muito antes da chegada dos europeus. Essas experiências estão em sua grande maioria ainda disponíveis nas fontes originais, mas temos que tomar precauções para não continuarmos repetindo essa tradição de escritores sem leitores, de pintores sem apreciadores de quadros, de grupos de teatro sem espectadores. A Amazônia já deu sinais de que pode produzir autores de qualidade e com projeção nacional e internacional, o que precisa ser feito agora é a construção de uma real opção para os artistas da região. Literatura tem de ser feita para ser lida, o escritor tem que estabelecer um compromisso com os leitores, porque não existe literatura sem leitores. O fundamental é os escritores da Amazônia conquistem os leitores da Amazônia, numa verdadeira integração literária, ou seja, que tenhamos uma literatura verdadeira, significativa e num permanente diálogo com o seus leitores.

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Publicado

08/12/2014
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