A simbologia do olhar n’os Contos amazônicos de Inglês de Sousa
Resumo
A cultura amazônica está imersa em um ambiente onde predominam as narrativas orais, os saberes, as mitopoéticas, o imaginário, que, de certa forma, o difere das demais regiões fazendo com que possua características peculiares e significativas. Reunidas em nove narrativas, a obra Contos Amazônicos (1893), de Inglês de Sousa, evidencia alguns símbolos dessa cultura: o rio, a cheia, a feiticeira, o acauã, o barco, a fauna, a flora e o olhar do povo da Amazônia; e ainda os elementos propriamente literários – o enredo, os personagens, o narrador, tempo, espaço, que expressam os sinais, os quais os cabocos e o meio mantém uma inter-relação marcada por valores, crendices, interditos, mitos e dilemas. Neste trabalho, objetivamos discutir a simbologia do olhar presentes em três contos do escritor paraense: Acauã, A Feiticeira e Amor de Maria. A escolha se dá pelo fato de o olhar está presente com mais intensidade nessas narrativas, como também pelo fato de os dois primeiros pertencerem à categoria do Fantástico, proposta por Todorov e o segundo ao gênero estranho. No conto Acauã, temos um olhar demoníaco e de violação sexual entre Aninha e Vitória. Em A feiticeira, o embate de olhares se dá entre a feiticeira, Maria Mucuim, dona de um olhar sinistro que parecia querer transpassar o coração de Antônio de Sousa e, por fim, em Amor de Maria, cuja beleza de Mariquinha encantava todos os homens de Vila Bela quando olhavam para a formosa moça. A abordagem da pesquisa é qualitativa do tipo bibliográfica, cujo embasamento teórico fundamenta-se nos seguintes autores: Paes Loureiro (1995), Chevalier e Gheerbrant (2002); Paulo Maués Corrêa (2004; 2005), Maria Trindade (2016), entre outros. Conclui-se que, na Amazônia, a valorização cultural do olhar revela um instrumento de estreita relação entre o interior e o exterior. A simbologia do olhar é uma forma mais diretamente da alma expressar sua vontade. Através do olhar se seduz, se fascina, se fere, se mata, fulmina, penetra, tornando o invisível visível.
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