A CERIMÔNIA DE UM ADEUS QUE NÃO HÁ

Autores

  • João Carlos Pereira mroselisousa@gmail.com
    UEPA

Palavras-chave:

Lindanor Celina

Resumo

O endereço existia há anos em minha agenda. Cartas atravessam o mar, buscando a rue de Normandie, 40, BMV 9, ap. 1171, em Clamart. Com letras bem grandes, o país - FRANCE- para que não se perdessem pelo caminho e fossem parar em outro lugar. O cep, ou seja lá como os franceses chamam aquela numeração, era 92140. Um cuidado extremo que valia a pena, porque, até onde nos demos conta, nenhuma foi bater em outro país ou ficou sem resposta. Na hora de preparar o envelope, toda atenção era pouca. Com o hábito, já nem recorria mais à agenda de telefones e escrevia direto. Depois de muito tempo, eis que surgiu a hora de conhecer o lugar onde as cartas aportavam. Já havia tentado chegar lá em outras ocasiões, mas a resposta era sempre a mesma: "estaremos na Grécia". Ou então: "vamos para Cannes". Todos os caminhos me desviavam de Clamart. Mas um dia, enfim, ela me disse: "venha me ver. Não vamos sair.".

Biografia do Autor

João Carlos Pereira, UEPA

João Carlos Pereira: Jornalista atuante, professor universitário - especialista em Teoria da Literatura, atuou na UFPA e Unama diversos anos. Sua experiência não descarta uma passagem pelas emissoras Funtelpa e pelo jornal O Liberal, onde ainda hoje atua; um dos biógrafos do maestro Waldemar Henrique, é cronista de mão cheia, e, quando é possível, não nega as influências exercidas pela cronista Lidanor Celina em seu trabalho. Este texto é uma demonstração concreta do que se está a afirmar.

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Publicado

27/11/2017
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