A MANDINGA DO FALAR: os contatos linguísticos em Terreiro de Ketu
Resumo
Que contatos linguísticos escamoteariam as Poéticas de Terreiro, sobretudo as relacionadas à divindade Oxum é o mote do presente artigo. Parte da tese de doutoramento, intitulada: Nas doces águas de Oxum: Memórias amazônicas em poéticas de terreiro, apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, sob a égide teóricas de: Altenhofen (2013), Caputo (2015), Nogueira (2008), Sodré (1988), entre outros a elucidarem elos sociolinguísticos presentes na relação língua e literatura. Para tanto, utilizou-se a revisão bibliográfica, atrelada a pesquisa qualitativa cuja ferramenta de catalogação foram as narrativas da memória doadas a pesquisadora por seu afro-pai. Verificou-se que a literatura oral, sobretudo a de matriz iorubá, resguarda termos de uma língua antiquíssima, trazida ao Brasil pelo processo de escravização, preservada e ressignificada neste lado do atlântico. Conclui-se que a língua reflete fenômenos endógenos e exógenos do contato entre o iorubá e o português brasileiro, expressos por meio da utilização de termos para além do aspecto diarreligioso e, nesse jogo toda uma tradição em diáspora é preservada.