A Relíquia (Eça de Queirós): Anticlericalismo e (Anti)Religiosidade para Além da Paixão de Cristo

Autores

  • Antonio Augusto Nery gutonery@hotmail.com
    Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave:

Eça de Queirós, A Relíquia, Anticlericalismo, (Anti)Religiosidade

Resumo

Na obra Portugueses Somos (s.d), Joel Serrão (1919-2008) afirma que, embora não se configure como tema principal, o anticlericalismo será para toda a Geração de 70 a forma de renegar anos de atraso e de purgar a culpa que a Igreja Católica teria por ser uma das responsáveis pela situação de decadência e marasmo que Portugal vivenciava no contexto do século XIX. Porém, quando volvemos a atenção especificamente para a obra de Eça de Queirós, um dos mais proeminentes participantes da Geração de 70, notamos que o discurso literário do autor não propaga somente uma simples crítica ao clero, mas pressupostos que vão desde a relativização de valores caros ao Cristianismo até a questionamentos lançados ao caráter transcendente da Religião. No intuito de comprovar tal proposição, volverei meu olhar neste trabalho para A Relíquia, narrativa publicada por Eça de Queirós em 1887, cuja temática religiosa está presente na totalidade da obra, principalmente no terceiro capítulo, quando o narrador/protagonista, Teodorico Raposo, sonha com os últimos momentos de Cristo, realizando longo diálogo paródico com os Evangelhos canônicos. Entretanto, nesta leitura não me deterei sobre as características desse interessante capítulo e sim na averiguação das cenas de A Relíquia que o antecedem e o sucedem, buscando confirmar que a crítica veiculada por Eça de Queirós, não somente na narração do extenso sonho, mas em todos os outros capítulos da ficção, aponta para elementos complexos relacionados a uma (anti)religiosidade que ultrapassa o mero anticlericalismo.

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